CRECHE AMIGAS DA AMAMENTAÇÃO

Diversos estudos científicos têm demonstrado ao longo dos anos a importância da adoção de hábitos alimentares saudáveis para a melhoria da qualidade de vida da população. A alimentação e nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento e desenvolvimento da criança, sendo considerados direitos humanos fundamentais, pois representam a base da própria vida. O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida e complementado com alimentos adequados até os dois anos de idade ou mais é o primeiro passo a ser implementado na construção destes habitos.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 2009: “o aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, além de promover a saude fisica, mental e psiquica da criança e da mulher que amamenta”. Além do que, uma outra vantagem do aleitamento materno é o seu custo. A amamentação é uma fonte de economia para a família, especialmente nos países em desenvolvimento, onde grande parte da população pertence aos níveis socioeconômicos mais baixos.

O incentivo à prática da amamentação e o incremento das taxas de aleitamento materno exclusivo até o sexto mês ganharam força no Brasil na década de 80 com a implantação do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno. Entretanto, inquéritos sobre a amamentação realizados nos anos de 1999 e 2008, mostraram que embora os índices de aleitamento materno tenham aumentado, ainda estamos aquém do ideal preconizado.

Apesar da melhoria do estado nutricional das crianças atingida nos últimos anos, a desnutrição infantil deu lugar à obesidade infantil, passando a ser um dos problemas de saúde pública nesta faixa de idade, no qual a alimentação tem um papel relevante. A prevalência do aleitamento materno é baixa, sua duração é curta e o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida é raro. Alimentos complementares são precocemente introduzidos para uma grande maioria de crianças e são freqüentemente deficientes em conteúdo energético e de nutrientes.
No município de Florianópolis, o incentivo ao aleitamento materno exclusivo está pautado em ações de promoção, proteção e apoio por meio dos hospitais e maternidade “Amigo da Criança”, das ações do Programa Capital Criança e da Estratégia da Saúde da Família.
A prática assistencial nos diversos Centros de Saude do Município, apontou que a adoção da licença maternidade de seis meses para as servidoras do serviço público municipal e recentemente também incorporada pelo serviço público estadual, tem contribuido com a duração do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida bem como as mulheres que usufruem deste benefício relatam sentirem-se mais estimuladas para o mesmo. Esta situação também aparece como um dos resultados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal de 2008.
Entretanto, esta mesma prática assistencial, tem demonstrado a necessidade de implementar ações com maior impacto na duração e prevalência do aleitamento materno.
A partir desta necessidade, evidenciada na prática assistencial, a Secretaria Municipal de Saúde implantou a Rede Amamenta Brasil, que utiliza a estratégia de matriciamento, na qual ocorrem trocas de saberes entre os diversos profissionais integrantes dos serviços envolvidos nos cuidados ao usuário, com o apoio de um grupo especializado. Propõe a construção de estratégias adequadas à realidade de cada local, com a co-responsabilidade de todos para a construção de um fluxo de atendimento ao usuário e a concretização das metas pactuadas.
A publicação dos resultados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal demonstrou que, no município, os seguintes pontos são determinantes para o desmame precoce:

A introdução precoce de água, chá e sucos;
O uso de chupetas;
A baixa escolaridade materna;
O retorno ao trabalho.

Também aponta que “as probabilidades de as crianças estarem sendo amamentadas nos primeiros dias de vida superam 90%, com queda mais acentuada a partir do quarto mês”.
Frente a estes resultados, percebeu-se a necessidade de instituir uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação, por meio do Programa Saude na Escola, elaborando um projeto de atuação nas creches com o objetivo de garantir a manutenção do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e complementado adequadamente até dois anos ou mais.
Tendo em vista que em outros municípios do Brasil, a iniciativa das Creches Amigas da Amamentação tem apresentado êxito nos objetivos acima citados, o grupo de tutores que integra a Rede Amamenta Brasil-Fpolis decidiu implantar esta estratégia no município.
No ano de 2010, foi iniciado este trabalhado em uma creche municipal. Atualmente este projeto está sendo realizado em cinco creches municipais, sendo uma em cada distrito. Temos a perspectiva de ampliarmos para 100% até o ano de 2013.